quinta-feira, 23 de abril de 2009

Gilmar Mendes, o paladino da justiça

Não tem muito a ver com o tema da próxima reunião, mas tenho que postar este vídeo e escrever um breve texto sobre Mendes.

No dia 22 de abril, o presidente do STF, Gilmar Mendes, sofreu talvez o maior revés de sua carreira no judiciário (clique aqui para ver o vídeo). O seu colega de trabalho (talvez nem mais colega seja), Joaquim Barbosa, deu-lhe uma surra verbal, que provavelmente já vinha sendo acumulada há algum tempo, por causa de certas nuvens negras que cercam Mendes.

Gilmar Mendes nasceu em Diamantino, MT, em 1955; foi posto no cargo de ministro do STF no governo FHC. No dia da posse, ele soltou algumas lágrimas de emoção e se disse obstinado a mudar a imagem do judiciário do Brasil. Mas parece que alguma coisa deu errado no caminho. Para começar, seu irmão, Chico Mendes (nada a ver com o idealista da Amazônia), quando prefeito de Diamantino, permitiu a flexibilização dos cargos comissionados. Resultado: mais de 800 cargos numa população de pouco mais de 20 mil pessoas. Sem contar que, ano passado, Chico Mendes perdeu as eleições para prefeito, e o prefeito eleito, do PDT, já recebeu ameaça de morte ao anunciar que pretende fazer uma auditoria das contas.

Temos mais algumas razões para essa explosão do ministro Joaquim Barbosa: Mendes concedeu, no mesmo dia, dois habeas corpus a Daniel Dantas, condenado previamente pelo juiz Fausto De Sanctis por diversos crimes financeiros. O mesmo Mendes já havia sido flagrado por jornalistas da CartaCapital adquirindo terrenos por preços 60% menores para a construção de uma faculdade de direito onde eram empregados diversos colegas de trabalho das mais diversas instâncias. O meritíssimo Gilmar Mendes também usou de sua influência para demitir o delegado Paulo Lacerda, que chefiou a PF no seu momento mais profícuo. Seu argumento foi uma reportagem da revista Veja, que acusava a PF de instalar grampos ilegais, mesmo não havendo sequer uma prova de áudio.

Pomposamente, Mendes com sua retórica impecável tem garantido seu lugar na alta sociedade. Mas se ele não vier às ruas, vai ver as ruas irem até ele.