quinta-feira, 20 de dezembro de 2007

Os professores também são responsáveis

Quando se fala na relação entre problemas educacionais e professores, é comum pensar em tais profissionais como "vítimas" do governo e da sociedade; pessoas cujos baixos salários e preconceitos sofridos causam desmotivação e piora na qualidade do ensino no Brasil.
Porém, os fatos não podem ser tratados de maneira tão simplista. É o que comenta Gustavo Ioschpe, economista especialista em educação, num de seus artigos para a Veja:
"Se há, em alguma região do país ou contexto específico, reclamações dirigidas aos professores que os façam sentir-se desvalorizados, só podemos dizer que é de se esperar. Poucas categorias profissionais no país apresentam resultados tão decepcionantes como a dos trabalhadores do ensino. E em nenhum outro caso esse desempenho é tão importante para o país.
Durante décadas imperou a visão de que os problemas educacionais eram todos exógenos aos profissionais do ensino - causados pelas supostas faltas de interesse e de investimento da sociedade ou por problemas do próprio aluno. Atualmente, com as avaliações às quais o sistema educacional está sujeito, essa visão tornou-se insustentável. É absolutamente transparente que, com os mesmos níveis de recurso e atendendo pais e alunos dos mesmos estratos sociais, escolas diferentes têm resultados muito distintos. Sinal de que a escola, e o que os profissionais fazem dentro dela, importam - e muito - para o desempenho do aluno." (reportagem de 10 de dezembro de 2007)
Portanto, não se pode eximir os professores de "culpa", dizendo que a qualidade do ensino brasileiro é baixa apenas por causa da mencionada falta - bastante relativa - de investimento, interesse do aluno e valorização dos docentes.
Fatos igualmente importantes são o despreparo dos professores (alguns dos quais receberam, eles mesmos, uma educação insuficiente) e a negligência de muitos desses profissionais (especialmente em instituições públicas, incluindo universidades federais). Tais acontecimentos, por mais que estejam ligados a questões econômicas, não são responsabilidade dos "outros".

terça-feira, 18 de dezembro de 2007

Um breve reflexão sobre a educação

Educação engloba ensinar e aprender. É um fenômeno visto em qualquer sociedade, responsável pela sua manutenção e perpetuação a partir da passagem, às gerações que se seguem, dos meios culturais necessários à convivência de um membro na sua sociedade. Nos mais variados espaços de convívio social ela está presente. Nesse sentido, educação coincide com os conceitos de socialização e endoculturação. A prática educativa formal - observada em instituições específicas - se dá de forma intencional e com objetivos determinados, como no caso das escolas.

As escolas nos países subdesenvolvidos, incluindo o Brasil, apresentam uma série de problemas, tais como:

*O baixo salário dos professores
*Despreparo dos professores
*Pressão econômica daqueles pais que necessitam do trabalho das crianças.
*Falta de boas universidades e dificuldades no acesso a estas(principalmente nos países mais populosos e menos desenvolvidos).
*Evasão escolar antes do término do Ensino Fundamental.
*Elevado número de jovens e adultos que não concluiram a escolarização em idade regular.
*A descrença nas lutas político-sociais.
*A formação deficiente de parte dos profissionais da educação.
*O grande número de alunos por sala, além de outros problemas de ordem estrutural, como falta de bibliotecas, e em alguns casos até de energia.


Este conjunto de dificuldades, gera a Síndrome de Burnout, que faz com que os professores acabem desistindo aos poucos, por não verem sentido no seu esforço, despersonalizando a relação com os alunos e realizando seu trabalho apenas pelo valor da troca.

OBS: Síndrome de Burnout -> é um termo psicológico que descreve o estado de exaustão prolongada e diminuição de interesse, especialmente em relação ao trabalho.

Reflita sobre isso...

domingo, 16 de dezembro de 2007

Utensílios escolares disponíveis! Só agora?

"A partir do ano que vem, pela primeira vez na rede estadual de ensino, todos os alunos irão receber fardamento e material escolar. Os estudantes da educação infantil, ensino fundamental, médio e educação de jovens e adultos vão ganhar mochilas, duas camisas, caderno, lápis, borracha e outros utensílios escolares. Além disso, 45 mil bancas escolares novas vão chegar aos colégios." (C4, Diário de Pernambuco, Recife, 15 de dezembro de 2007)

Pode até parecer uma notícia boa, mas é deprimente! Como é que em todos esses anos, com tantos governos, projetos votados e dinheiro que já passou pelos cofres estaduais, não houve antes a iniciativa de fornecer os instrumentos básicos de aprendizagem aos alunos de escolas estaduais?

Se esses recursos só foram disponibilizados agora, o incentivo à aprendizagem, a qualificação de professores e a melhoria na infra-estrutura e segurança das escolas vão ser efetivados quando?

Já houve tempos em que as escolas públicas eram de qualidade e não deixavam a desejar quanto ao ensino e à estruturação. Porém, hoje em dia, a situação é bem diferente. O descaso governamental com a educação, tanto no âmbito municipal e federal, quanto no estadual, como a própria notícia fala, é notório.

Não é à toa que as disparidades entre escolas públicas e particulares são enormes! E mais do que isso, a escolha entre elas pode significar a aprendizagem ou ignorânica da cidadania pelo indivíduo. Além de sua inserção ou exclusão do mercado de trabalho, já que, na era da tecnologia e da modernização, os salários são amplamente condicionados pelo nível de escolaridade.

E quem tem mais chances de passar no vestibular de uma boa universidade? Certamente aquele que, desde pequeno, freqüentou um ambiente escolar decente, digno de tal título, teve professores qualificados e recebeu incentivos educacionais dos pais, da escola e do próprio meio social em que se inseria. Infelizmente, esse aluno tende imensamente a ser apenas da escola particular, hoje em dia.

É lógico que as exceções existem e são surpreendentes, como o caso dos “meninos prodígios” de Quixaba, interior de PE, alunos de escola pública que conseguiram resultados brilhantes na etapa nacional da Olimpíada Brasileira de Matemática. Porém, se nosso governo (não apenas o atual, como todos os anteriores, visto que a notícia afirma ser a PRIMEIRA VEZ em que os utensílios escolares serão disponibilizados) realmente fosse “do povo”, como se denomina (democracia), vitórias como as desses meninos seriam uma constante. E a desigualdade social no Brasil seria reduzida praticamente a questões culturais, como a valorização de determinadas profissões em detrimento de outras.

Resta-nos esperar e cobrar do governo estadual que, aproveitando esse momento de lucidez e caridade, também efetue as tantas outras mudanças que a escola estadual precisa para qualificar seus alunos como autênticos cidadãos, com chances de entrar bem no mercado de trabalho e participar conscientemente da vida política nacional.

Enquanto isso não acontece, tomara que os meninos de Quixaba contagiem o maior número de colegas possível!

sexta-feira, 14 de dezembro de 2007

Educação, segundo o IPEA

Nesse primeiro momento, decidimos focar nossas atenções na educação, atualmente reconhecida como uma das bases sobre as quais se assenta o desenvolvimento político, social e econômico das sociedades.
A educação escolar, sendo um dos meios mais importantes do processo educacional, constitui preocupação relevante para os decisores das políticas públicas, sempre confrontados com escolhas complexas sobre investimentos, custos e benefícios. O aumento da escolaridade média da população brasileira, assim como a melhoria da qualidade do ensino ofertado, constituem desafios a ser superados, em grande medida afetados por desigualdades de várias ordens.
Em pesquisa realizada pelo IPEA (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada), foram traçados os perfis dos três níveis de ensino da escolaridade básica. Um resumo deles é feito a seguir:
Educação infantil

Existem evidências suficientes de que um dos investimentos educacionais que mais trazem retornos sociais e financeiros é o destinado às crianças de até seis anos de idade. No Brasil, ainda são insuficientes os níveis de atendimento a essa faixa etária. Por outro lado, como a oferta da educação infantil é atribuição constitucional dos municípios, e grande parte deles tem deficiências técnicas e financeiras para assumir esse papel, torna-se imprescindível o apoio efetivo do governo federal, conforme preceitua o regime de colaboração.
Na área de informação e avaliação, a educação infantil constitui uma das que mais apresentam precariedades. Portanto, uma perspectiva recomendável é que a educação infantil se transforme em uma prioridade do governo federal, ocupando lugar privilegiado nas iniciativas de formação de professores, gestores e conselheiros de educação, e com a ampliação de programas de material didático, especialmente livros infantis e brinquedos.

Ensino Fundamental

A quase universalização do acesso à escola nos anos de 1990, à população de 7 a 14 anos, significou um dos principais avanços da sociedade brasileira no campo educacional. Ao progresso alcançado no tocante à oferta de vagas, no entanto, sobrepõem-se novos desafios. Além de ainda haver uma porcentagem residual de crianças e jovens fora da escola, entre os matriculados há aqueles que não aprendem ou que progridem lentamente, repetem o ano e acabam abandonando os estudos. Os fatores que contribuem para essas dificuldades estão relacionados à qualidade do ensino, gestão das escolas e sistemas de ensino, às condições de acesso e permanência e, ainda, às desigualdades sociais.

A inclusão das crianças de seis anos no ensino fundamental, que passou a ter a duração de nove anos, constitui outro avanço. É um desafio, entretanto, o apoio do âmbito federal no estabelecimento de diretrizes para esse novo formato do ensino compulsório e na implementação das mesmas em municípios que apresentam maiores carências técnico-pedagógicas.

Ensino Médio

As desigualdades de acesso e freqüência a esse nível de ensino, no Brasil, também se mostram bastante elevadas. Porém, as diferenças entre estudantes rurais e urbanos e de regiões distintas reduziram sensivelmente nos últimos dez anos. A questão que se coloca é se será possível manter essa tendência de aproximação, sem que ocorram melhorias significativas das condições socioeconômicas dos estudantes pertencentes aos segmentos em desvantagem.
Quanto ao substancial crescimento das matrículas, verificado ao longo da segunda metade dos anos de 1990, este não foi seguido de melhorias educaionais para o conjunto de estudantes de escolas públicas, ao contrário do que aconteceu com as ecolas privadas, segundo o Sistema Nacional de Avaliação da Educação Básica (Saeb). Uma possível explicação para esse fenômeno pode ser a de que a expansão ocorrida nesse período tenha incorporado estudantes, antes alijados, em condições socioeconômicas menos favoráveis e, portanto, com reduzidas oportunidades de acesso a um ensino de melhor qualidade, uma vez que a eles restaria, via de regra, trabalhar durante o dia e estudar no período noturno. A melhoria da qualidade do ensino médio noturno, desse modo, representa o maior desafio para o governo nessa área.

quinta-feira, 13 de dezembro de 2007

De volta!

Então, pessoal, voltamos à ativa!

Neste blog vamos estar sempre trazendo: as novidades da política nacional; textos de diversas fontes e posicionamentos políticos; dados apresentados pelo governo e por órgãos de pesquisa; projetos desenvolvidos pela ALEPE (Assembléia Legislativa do Estado de Pernambuco), alvo do nosso manifesto em novembro; além de textos de nossa própria autoria.

Com isso, queremos propor discussões sobre os temas expostos, de modo a aumentar nossa gama de conhecimentos, através da troca de experiências, e formar opiniões, aguçando nosso olhar crítico sobre os rumos que o país está tomando e os políticos neles envolvidos.que também visa de modo muito especial as eleições do ano que vem.

Assim, o movimento não parou e nem vai parar, continuaremos a lutar por um país melhor, dessa vez fazendo o chamado "protesto pacífico". Isso não significa que não poderemos "ir a campo" de novo, muito pelo contrário, se sentirmos que nossos anseios estão sendo desprezados ou preteridos, não hesitaremos em fazer a manifestação de novo.

É bom lembrar também que tanto o blog como a comunidade são meios diretos de comunicação entre os participantes do movimento, então sintam-se livres para expor suas idéias, críticas e sugestões, é por meio delas que essa comunicação será proveitosa.

"Muda, que quando a gente muda o mundo muda com a gente. A gente muda o mundo na mudança da mente. E quando a mente muda a gente anda pra frente!"
OBS: Dica para irmos nos informando: assistir ao programa "Quorum" (TV Universitária - canal 11), que fala sobre as ações da ALEPE, e aos noticiários, o mais freqüentemente possível. Além disso, procurar estar sempre em contato com jornais e revistas de atualidades.