quinta-feira, 10 de janeiro de 2008

Política de Ano Novo

O começo de um novo ano sempre nos leva a reflexões... Uns fazem análises das experiências vividas, outros fazem as famosas “listinhas de resoluções de ano novo”. Tudo isso vem da nossa grande capacidade de aprender com o passado e sonhar com o futuro. Combinadas, elas nos permitem conhecer mais a nós mesmos, crescer e viver melhor o presente.

Mas além de nossas aspirações pessoais, é preciso olhar ao nosso redor, perceber onde estamos e o que está acontecendo nesse início de ano...

Em nosso estado, apesar das péssimas condições de saúde e educação públicas (combatidas pelo movimento), projetos como a refinaria, o estaleiro de Suape, o Hospital Metropolitano Norte ou Miguel Arraes (novo hospital público prometido para 2008) e as obras na barragem de Pirapama surgem como esperanças de um ano mais acertado do que o que passou.

No âmbito nacional, entramos em 2008 com grande otimismo na economia – cujo índice de crescimento está em torno de 5%. A estabilidade dos preços (baixa inflação), o aumento nas exportações de bens de consumo e de capital (desenvolvimento de importantes segmentos industriais), créditos facilitados e convenientes à situação financeira de cada pessoa (política monetária mais racional), vários acontecimentos dão um novo horizonte ao Brasil.

No entanto, é de comum acordo que ainda há diversas melhoras sociais por fazer. Pouco adiantará para a grande maioria da população viver num país de sucesso econômico, se a renda continuar concentrada, o povo continuar calado e as autoridades não estiverem dispostas a garantir dignidade a todos.

Aproveitando a oportunidade, é bom lembrar que este é ano de eleições municipais. Portanto, aqueles que forem dar atenção às propostas dos candidatos e à análise dos mesmos em cima da hora correm o risco de serem enganados pelo “surto de bondade” que tantas vezes acomete nossos políticos em tal época. Então, vamos começar a nos informar desde já! O voto, como todos sabem, é o instrumento de governo de que o povo dispõe, através dele é que temos voz. Vamos tratá-lo com responsabilidade.

5 comentários:

Unknown disse...

Camila, não consegui entender este trecho: "créditos facilitados e convenientes à situação financeira de cada pessoa (política monetária mais racional)". Claro, pode ser que eu esteja mal informado, mas o que foi feito exatamente nesse campo, na política monetária de 2007?

Sobre a concentração de renda, é sabido que uma solução é a reforma tributária que favoreça, obviamente, os menos favorecidos economicamente, de forma que estes possam virar empregadores. Então, em quais impostos vocês mexeriam? A meu ver, o primeiro passo seria a aplicação do IGF (Imposto sobre Grandes Fortunas), que é previsto na constituição mas nunca foi posto em prática. Esse imposto já está em vigor em países como Luxemburgo, França e Alemanha, e tem como base cobrar das pessoas físicas que, de fato, possuem grandes fortunas - definição em http://www.senado.gov.br/web/cegraf/ril/Pdf/pdf_146/r146-06.pdf. Nesse site, há uma tabela na terceira página com as alíquotas dos contribuintes, que, ao meu ver, são racionais, apesar de não saber exatamente o valor do Cruzeiro Novo em relação ao Real. Esse imposto é bem polêmico, como se pode ver no site.

Então, o segundo passo seria a readoção da CPMF, para, de certa forma, cobrir os gastos com o IGF, já que os contribuintes deste têm a dedução do Imposto de Renda. E por ser um "imposto do cheque", a CPMF engloba todos os setores da sociedade, todas as classes, inclusive os informais.

O que vocês fariam?

Camila L. L. disse...

Felipe, desculpa ter sido muito geral em relação a esses ganhos da política monetária em 2007. Eu estava falando do "boom do crédito", fato que, apesar de ter sido plantado nos últimos tempos, fortaleceu-se com o atual crescimento da economia nacional.
Acontece o seguinte: o crédito está aumentando e a inadimplência está caindo. Razões: mudanças estruturais, como o crédito consignado (que se relaciona à efetiva capacidade de pagamento) e aperfeiçoamento nas avaliações das instituições financeiras que tomam os empréstimos.
Como conseqüência de uma crescente economia, também temos a redução da taxa de juros da Caixa Econômica, o que facilita os empréstimos.

Se fosse aceita por toda a sociedade e realizada sem interferências de posição política, o que, infelizmente, é bastante difícil, a reforma tributária seria uma ótima solução mesmo.
A criação do IGF é uma idéia muito boa! Nem sabia que esse imposto existia...
O problema é que, para que ele funcionasse, teriam que reforçar as investigações sobre movimentação financeira, senão, como descobrir os afortunados?
E esse controle se dava com a CPMF...

Mas também não acho que a readoção da CMPF é a melhor solução. Ela acabou de ser extinta, seria uma confusão na política se ela voltasse, até porque o presidente prometeu que isso não aconteceria.

Na minha opinião, deveria ser criado um imposto semelhante a CMPF no sentido de cobrar dos que mais movimentam dinheiro. Mas diferente em relação aos percentuais usados para isso. Os mais pobres deveriam ter percentual muitíssimo pequeno e os mais ricos, percentual muitíssimo maior.
E mais, deveria ser considerada ilegal qualquer transação grande que não seja feita por meio dos bancos, para evitar a sonegação. Só que aí também entra o problema da impunidade...

OBS: Talvez o primeiro passo para a reforma tributária seja uma reforma política, com a demissão de funcionários ligados a grandes empresas e similares, para diminuir a disputa de interesses. Depois viria o combate à impunidade e os novos impostos.

Unknown disse...

Obrigado pelo esclarecimento ;)

Sobre o IGF, pelo que percebi, a distinção entre afortunados e não-afortunados se dá pelo valor dos bens possuídos. Tudo que a pessoa tivesse, seria contado. O que é difícil é estabelecer um preço para cada coisa né, mas dá pra se ter uma idéia da riqueza. Em países desenvolvidos, é muito mais difícil a fiscalização porque lá há muito mais ricos que aqui, por isso que pro nosso país seria uma boa implementar esse imposto.

É, esse é o problema, a CPMF não deveria ter sido abolido de forma nenhuma, aí vai-se criar um rombo de 40 bilhões na economia, sem contar que já tava tudo certo pra continuação dessa contribuição né... mas tá, "ao vencedor as batatas", como diz a capa da Carta Capital que trata disso, revista que, juntamente à Caros Amigos, recomendo que leiam.

Camila L. L. disse...

Mas até mesmo aqui é difícil saber realmente o que uma pessoa possui ou não. Muita gente coloca os bens em nome de parentes, empresas, etc. Até porque, tem muita coisa suja envolvida em muitas fortunas, pode ter certeza.

Sobre a CPMF, é claro que a sua negação teve muito a ver com a simples oposição ao governo. Mas tem outra coisa: estudos foram feitos e comprovaram que o Estado não tinha necessidade da constribuição. A economia em crescimento já aumentaria demais as arrecadações...
Se o dinheiro fosse usado honestamente, esse rombo nem seria sentido.
Além disso, com a extinção da CMPF, talvez os políticos roubassem menos com medo de seus projetos não vigorarem como o prometido em campanha... Mas talvez isso tenha sido um sonho alto demais.
Não tenho dúvidas que mais cedo ou mais tarde o governo vai criar outro imposto semelhante.

PS: Não tô conseguindo abrir o site... =/

Raissa Alencar disse...

Tu podia ser professora de Geografia ou Jornalista.
Que achas?